Segundo a Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), o artigo científico pode ser definido como a “publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. A publicação de um artigo deve contribuir com a expansão do conhecimento, através da divulgação da descoberta para a comunidade acadêmica.

Por outro lado, a não publicação do estudo não tem validade científica, mesmo que os dados da pesquisa estejam corretos. Isto porque, ao submeter a pesquisa para alguma revista científica, esta passa pelo crivo de outros pesquisadores, possibilitando, assim, que a comunidade acadêmica possa avaliar, estudar e, principalmente, discutir e tentar replicar as descobertas da pesquisa. Neste sentido, a publicação do artigo é a primeira etapa de validação da pesquisa científica.

Embora não existam regras rígidas ou receitas prontas para escrever um artigo científico, as chances de publicação são aumentadas com um texto conciso, através de uma escrita objetiva e explicativa.

No que diz respeito ao vocabulário, mais especificamente, é importante a escolha de palavras de fácil entendimento para o público alvo, porém sem a utilização de termos informais. O uso de abreviaturas/ siglas também deve ser restrito. Caso esta seja utilizada, deve-se encontrar entre parênteses e precedidas de seus nomes por extenso, no momento em que forem citadas pela primeira vez no texto. Os números menores que 10 devem ser escritos por extenso (ex.: “dois”).

Além de algumas regras básicas relacionadas à utilização correta do vocabulário, é importante que o pesquisador tenha em mente a hipótese do estudo durante todo o processo de elaboração do artigo científico. A hipótese de pesquisa irá orientar a escolha da literatura a ser revisada, o objetivo do trabalho, o método utilizado, a forma de análise dos dados, bem como a descrição das principais conclusões. Para que o pesquisador tenha alguma hipótese formulada (explícita ou não no artigo), a pergunta da pesquisa deverá ser bem planejada, a fim de poder ser respondida mediante a conclusão da pesquisa.

Neste contexto, a pergunta deverá seguir as recomendações dos acrônimos PICO ou PECO (P: população; I: intervenção/ E: exposição; C: comparador [caso necessário]; O: outcome ou desfecho). Na pergunta: “A deficiência de vitamina D aumenta e o risco para pneumonia grave em menores de cinco anos?”, reparem que esta contempla o fator exposição (deficiência de vitamina D), desfecho (aumenta e o risco para pneumonia grave) e população (menores de cinco anos). Diferentemente de uma pergunta genérica e abrangente “A Vitamina D influencia a pneumonia?”.

Após a definição da pergunta do estudo, o pesquisador deverá listar algumas palavras-chave, relacionadas ao tema, que serão encontradas abaixo do resumo. Essas palavras-chave deverão estar de acordo com os descritores ou vocabulário controlado. Os descritores podem ser entendidos como linguagem única na indexação de artigos, livros, relatórios técnicos, entre outros tipos de materiais. Os descritores em ciências da saúde (DeCS) foram criados pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (mais conhecido pela sigla BIREME). Estes foram desenvolvidos a partir do Medical Subject Headings (MeSH) da U.S National Library of Medicine com o objetivo de permitir o uso de terminologia comum para pesquisa, proporcionando um meio consistente e único para a recuperação da informação.

Como pode ser observado, a escrita de um artigo científico é um processo técnico que envolve linguagem específica, embora não existam regras rígidas. O texto aqui apresentado procura exibir algumas orientações para aumentar as chances de publicação.

A ressaltar, o Centro de Apoio à Pesquisa no Complexo de Saúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAPCS-UERJ) realiza o Workshop – “Artigos Científicos: orientações para bem escrever”, onde estas e outras questões são apresentadas, sob a forma de um compêndio. O curso tem por objetivo orientar os profissionais da área de saúde e acadêmicos da Graduação e Pós-graduação sobre a publicação de Artigos Científicos, procurando estabelecer, de forma sintética, os principais cuidados a ter na escrita do texto científico.

Mais informações e inscrições: http://www.capcs.uerj.br/19jun-workshop-artigos-cientificos-orientacoes-para-bem-escrever/



Referências

REFERÊNCIAS ABNT. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

AQUINO, I.S. Como escrever artigos científicos: Sem arrodeio e sem medo da ABNT. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

MEDEIROS, J.B.; TOMASI, C. Comunicação científica: normas técnicas para redação científica. São Paulo: Atlas, 2008.

DESCRITORES em ciências da saúde. DeCS, 2018. Disponível em: <http://decs.bvs.br/>. Acesso em: 29 de mai. de 2019.