O objetivo principal da pesquisa é identificar e caracterizar fatores genômicos tanto do vírus Sars-CoV-2 quanto dos hospedeiros acometidos pela Covid-19. A rede, que recebe auxílio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), tem a coordenação da professora Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), e reúne 36 pessoas em diferentes frentes de trabalho.
Os dados ômicos representam informações coletivas sobre moléculas capazes de atuar de forma interativa na estrutura, função e complexidade de nosso organismo. O estudo aborda três estratégias principais: genômica viral, exômica e transcritômica humanas. A análise genômica viral permitirá entender como o vírus está se dispersando geograficamente no Estado e apontar se vem sofrendo alterações genéticas – informações importantes para a adoção de medidas sanitárias coletivas e para o desenvolvimento de vacinas e medicamentos. Já em relação aos indivíduos que tiveram a doença, as análises exômica (parte codificante de proteínas do genoma humano) e transcritômica (expressão de nossos genes) permitirão explorar o porquê de algumas pessoas infectadas terem quadros clínicos mais graves, muitas vezes levando à morte, enquanto outras são assintomáticas.
A contribuição do grupo de pesquisa conduzido pela professora Cíntia Barros Santos-Rebouças, do Departamento de Genética da Uerj (DGEN), está na análise de dados de exoma e transcritoma do hospedeiro em busca de genes ou variantes gênicas que possam influenciar o desfecho clínico de pacientes com Covid-19. “Uma das características mais curiosas da infecção pelo Sars-CoV-2 é a grande variabilidade de sintomas em pessoas infectadas e a resposta para esta heterogeneidade clínica pode estar no nosso genoma. Além disso, a população do Rio de Janeiro pode apresentar diferenças importantes em relação a outras populações, devido à sua composição genética miscigenada”, explica a professora.
Santos-Rebouças ressalta que o distanciamento social imposto pela pandemia não impede o andamento das pesquisas. “Mesmo que os experimentos dependentes de estrutura de laboratório fiquem prejudicados, muito do trabalho científico pode ser feito remotamente, como as análises computacionais desta rede”, afirma. Segundo a professora, o grupo do DGEN tem conciliado os projetos que já desenvolviam com a nova demanda. “Embora seja exaustivo, a sensação de estarmos fazendo a diferença para a nossa sociedade, em um momento em que temos que agir rapidamente, é recompensadora”, conclui.
Além das equipes do LNCC e da Uerj, a rede Corona-ômica RJ reúne: o Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), o Instituto Fernandes Figueira (Fiocruz) e a Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de colaboradores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).