Destacando a atuação da Rede Telessaúde-UERJ


A incorporação de tecnologias de informação na saúde e na educação vem crescendo substancialmente. Ferramentas online para a Educação em Saúde estão muito presentes nos tempos atuais e vêm sendo muito difundidas.

Mas, por certo, para a pertinência de incorporação destas tecnologias de informação em projetos institucionais de formação de profissionais, com o êxito desejado no processo de qualificar equipes e desenvolver melhores perspectivas em saúde, é fundamental um constante aprimoramento das redes, com preparação e treinamento dos docentes. Instituições de ensino nas ciências da saúde devem investir na preparação de recursos humanos além da infraestrutura tecnológica.

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) vem desenvolvendo ações e projetos nesse sentido. Há crescimento das interações entre alunos, docentes, maior diversidade e interseção entre conteúdos; e por certo os ambientes de atuação necessitam, progressivamente, de novas percepções, novos olhares e mudanças de paradigmas acerca do aprendizado “online”, sobretudo nos cursos na área da saúde.

Para mais reflexões sobre o tema – destacando a atuação do Telessaúde-UERJ -, o Centro de Apoio à Pesquisa no Complexo de Saúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAPCS-UERJ) dialogou com Alexandra Monteiro, Professora Titular na Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Tecnológico Laboratório de Telessaúde-UERJ. Vejamos.


CAPCS-UERJ – Educação e Saúde e novas tecnologias… Quais os avanços e desafios…

Alexandra Monteiro – A sociedade digital, por conseguinte, a saúde digital, elimina barreiras geográficas, culturais e socioeconômicas, interferindo, diretamente, na necessidade de inovação na saúde, de tal forma que o conhecimento precisa ser multidisciplinar, interdisciplinar e até mesmo transdisciplinar. Igualmente, temos que formar mentes criativas e empreendedoras capazes de desbravar o potencial desta inesgotável transformação digital.

Nesse contexto, estão inseridos os desafios para a transformação da Educação em Saúde de forma tradicional para a Educação em Saúde mediada por tecnologias.


CAPCS-UERJ – Especificamente sobre a gestão do conhecimento…

Alexandra Monteiro – Outro desafio na saúde digital é a gestão do conhecimento, que passa pelo conhecimento explícito, cada vez mais tangível e de fácil acesso pelas redes de Internet, pelo tácito, um ativo intangível e único, e da informação frente aos avanços e as futuras necessidades para a ‘Sociedade 5.0’ ou dita como ‘Sociedade Super Inteligente’. Nessa linha, a ecologia do conhecimento em Saúde deve priorizar o desenvolvimento de competências no indivíduo para aprender, analisar, criticar e empreender, através da inovação do processo de ensino-aprendizagem, e para se relacionar com outros saberes, florescendo e capilarizando essa rede. O conhecimento em rede deve ser capaz de aproveitar os conhecimentos existentes, transformando-os em novos modelos mais adequados para a saúde digital e absorvendo os intangíveis de forma criativa.


CAPCS-UERJ – Nesse viés, aqui destacamos o objetivo, trabalho e interseções da Rede Telessaúde-UERJ… Fale-nos, por favor, sobre essa dinâmica.

Alexandra Monteiro – Na educação à distância, o Telessaúde disponibiliza uma agenda de atividades ‘ao vivo’ para profissionais de saúde e para as comunidades leigas que são gravadas e disponibilizadas para a reutilização entre os grupos; além de cursos a distância multiprofissionais. Na pesquisa, atualmente há diferentes grupos com abrangência nacional e internacional na maioria utilizando a teleconferência como meio de comunicação e a plataforma colaborativa com meio de perpetuação da troca do conhecimento. Para os alunos e para os profissionais de saúde, tanto os de nível superior como o médio, é possível participar de diversas atividades utilizando multimeios em telessaúde sempre de forma inovadora e promovendo a inclusão e a socialização digital de todos.

A Telessaúde, isto é, a incorporação de tecnologia para fins de prestação de serviços à distância em saúde e/ou para tele-educação em saúde está modificando paradigmas ‘na’ e ‘para’ educação em saúde.


CAPCS-UERJ – Sobre a história do Telessaúde na UERJ…

Alexandra Monteiro – A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi pioneira no país e iniciou as suas atividades em Telessaúde, em 2003, por uma iniciativa na Faculdade de Ciências Médicas e que foram consolidadas com a criação do Laboratório de Telessaúde (Telessaúde UERJ), multiprofissional, em 2008.

Surgiu a partir de uma experiência com a equipe da Johns Hopkins University para a discussão, entre médicos, de um caso de difícil tratamento em 2003. A partir daí, foi criado o Laboratório de Telessaúde, como dissemos, em 2008, na instituição, que tem por visão promover a implantação e a sustentabilidade da rede de telessaúde no estado do Rio de Janeiro e sua ampliação para todo o território nacional.


Frentes de atuação e perspectivas

CAPCS-UERJ – O panorama hoje…

Alexandra Monteiro – Hoje, com o serviço, profissionais de saúde até mesmo de áreas remotas têm acesso facilitado a informações importantes. Eles podem enviar suas dúvidas clínicas ou gerais por um sistema dedicado de telessaúde para uma equipe de teleconsultores multidisciplinar evitando o deslocamento de pacientes, reduzindo tempo e distâncias e reduzindo custos no SUS. Além disso, a oferta pedagógica utilizando a Internet como meio permite a educação permanente e a atualização profissional no trabalho resultando, como produto final, no melhor atendimento à população.


CAPCS-UERJ – Quais as frentes de atuação…

Alexandra Monteiro – O Telessaúde UERJ atua em diferentes projetos e programas, como a Rede Universitária de Medicina e o Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, e agrega diferentes atividades e ações em diferentes áreas do conhecimento em saúde, e afins, para objetivos de tele-educação profissional (aí incluídos cursos à distância, webinários, produção de materiais instrucionais para a Internet, jogos online e objetos virtuais de aprendizagem, além de mestrado profissional à distância stricto sensu em Telessaúde), tele-educação aberta para promoção da saúde escolar, aperfeiçoamento profissional em telessaúde e teleassistência.


Ações inovadoras

CAPCS-UERJ – E que ações estão contempladas no escopo da teleassistência…

Alexandra Monteiro – Estamos falando de segunda opinião especialista, por meio de sistema Web e por aplicativo. Laudo à distância (telediagnóstico), também por meio de sistema Web e por aplicativo. E destacamos também desenvolvimento de softwares.

Vale ressaltar, esse conjunto de ações inovadoras em saúde estão registradas no livro digital “A História da Telessaúde da Cidade para o Estado do Rio de Janeiro”.

Cabe destacar, também, a criação do Núcleo de Teleodontologia, na Faculdade de Odontologia-UERJ, em 2014, que tem como objetivo a integração com o ensino, a pesquisa e a extensão da própria Unidade Acadêmica, como também com outras atividades de departamentos da UERJ como um todo.


CAPCS-UERJ – Em relação ao atendimento à população…

Alexandra Monteiro – A oferta de teleconsultoria na Atenção Primária e o telediagnóstico especializado contribuem para a redução dos encaminhamentos e para a hierarquização do atendimento no SUS. Por conseguinte, qualificando e acelerando o atendimento à população.


CAPCS-UERJ – Como ter acesso…

Alexandra Monteiro – Para ter acesso, os alunos e profissionais de saúde de nível médio e superior terão, obrigatoriamente, que efetuar o cadastro na plataforma colaborativa do Laboratório de Telessaúde da UERJ. Para a comunidade leiga, o acesso é livre, sendo a divulgação realizada pelas redes sociais, através da fanpage do “Telessaúde nas Escolas” – http://www.telessaude.uerj.br/escola/


CAPCS-UERJ – O que nos transmite a experiência do Telessaúde ao longo de todos estes anos…

Ao longo dos seus quinze anos de existência, demostra a relevância e o impacto da mediação das tecnologias em saúde, com considerável abrangência nacional e a sua participação e contribuição em uma rede internacional.

Essa rede de conhecimento, assim como tantas outras, tem como desafio para a sustentabilidade, visando os avanços na pesquisa e na inovação na saúde, a formação de pessoal altamente qualificado para atuar ‘na’ e ‘para’ a saúde de forma crítica, empreendedora, multidisciplinar, interdisciplinar, e transdisciplinar, logo, preparados para a Sociedade 5.0 _ o futuro, pelo presente.


Para acessar o Telessaúde-UERJ: http://www.telessaude.uerj.br/site/



Por Felipe Jannuzzi
Jornalista do CAPCS-UERJ