O CoronaTrap se diferencia de seu antecessor, CoronaTrack, pois não depende mais de um portador individual em movimento, sendo agora capaz de monitorar uma área com maior abrangência, potencializando as coletas ambientais. Além disso, outra evolução fundamental da nova tecnologia é a sua capacidade de preservar o SARS-CoV-2 por mais tempo durante a coleta: como é sensível aos fatores ambientais, muitas vezes o vírus se degradava antes mesmo de ser analisado no laboratório, gerando um falso negativo.
Com o CoronaTrap, o vírus é “aprisionado” em uma câmara escura que impede o contato direto com a luz, evitando sua deterioração em função da temperatura, da radiação solar ou da umidade do ar. O aparelho realiza a coleta em maior volume de ar e conserva o vírus nesse ambiente escuro, climatizado por células Peltier, as mesmas utilizadas para refrigeração de componentes eletrônicos.
De acordo com Evangelista, nessa primeira fase, o foco será na aplicação dos protótipos em escolas públicas, ambientes onde o comportamento do vírus ainda é pouco estudado. O CoronaTrap poderá ser utilizado também em hospitais, restaurantes, entre outros locais de aglomeração. Para aperfeiçoar a tecnologia, o projeto conta com financiamento da Segunda Chamada Emergencial de Projetos Para Combater os Efeitos da Covid-19, lançada pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Após mais de um ano monitorando a carga viral de Covid-19, os dados coletados têm o potencial de comprovar, na prática, os modelos teóricos sobre os riscos de contágio. A aplicação do CoronaTrap ajuda a compreender os padrões de comportamento do vírus e, assim, elaborar estratégias para diminuir o número de contaminações. “Só através do monitoramento se pode fazer o combate. Para vencer um inimigo, é preciso conhecê-lo e esses sistemas são instrumentos fundamentais”, afirma o pesquisador.
CoronaTrap poderá ser utilizado no combate a outras patologias
Além do SARS-CoV-2, o CoronaTrap é capaz de coletar outros vírus, bactérias e fungos, contribuindo também para o monitoramento de diferentes patologias, como a tuberculose. O projeto se destaca ainda pela viabilidade financeira, o que reforça o papel fundamental de universidades públicas na produção científica e na aplicação inteligente de investimentos. “É um legado interessante do nosso projeto. Temos uma tecnologia bem diferente do que se encontra no mercado, totalmente a baixo custo e desenvolvida pela Uerj”, comemora Evangelista.
Os pesquisadores não medem esforços para aperfeiçoar o equipamento e já estão trabalhando na próxima etapa. “A nova fase será dedicada à determinação do vírus em tempo real, ou seja, medindo in situ sem precisar levar a amostra para o laboratório”, promete Evangelista. “Produzida em larga escala, essa tecnologia tem potencial para revolucionar os estudos sobre contágio e ajudar no combate de diversas doenças”, conclui.
Assista ao vídeo do CoronaTrap em ação na Central do Brasil.