Diretoria de Comunicação da UERJ
Uma equipe do Laboratório de Medidas da Psicologia (Labmedi), do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), desenvolveu uma pesquisa sobre o “Impacto do evento surto de Covid-19 na saúde mental da população do Rio de Janeiro”. Além de buscar compreender este fenômeno, o estudo teve como objetivo gerar dados, baseados em evidências, para que os profissionais de saúde possam atuar em estratégias capazes de amenizar o sofrimento psíquico causado pela doença.
De 10 a 30 de maio, 318 participantes responderam a um questionário eletrônico elaborado pelo grupo de pesquisa formado pelo professor José Augusto Evangelho Hernandez e a doutoranda Aline da Silva Gonçalves, ambos da Uerj. O grupo conta, ainda, com a colaboração da professora da Universidade de Brasília (UnB), Julia Sursis Nobre Ferro Bucher-Maluschke.
Os resultados apontam que os pensamentos intrusivos (indesejáveis), a percepção da saúde atual, a idade e o número de coabitantes estão relacionados à afetividade negativa (depressão, ansiedade e estresse) durante a pandemia de Covid-19. Os dados sugerem que as pessoas jovens, que moram sozinhas e com nível de percepção de saúde ruim são mais vulneráveis ao sofrimento psicológico, ficando mais sujeitas à depressão, ansiedade e estresse. Por outro lado, idosos, que não moram sozinhos e com melhor percepção de saúde tendem a níveis mais baixos de afetividade negativa.
“No entanto, cabe ressaltar que o pensamento intrusivo destacou-se em relação às outras variáveis. Ou seja, os pensamentos indesejáveis antecedem e têm maior associação ao sofrimento psicológico. Assim, quanto maior o nível de pensamento intrusivo relatado, maior a afetividade negativa. Na pesquisa, eles se destacaram em mais de 50% dos casos”, explica o coordenador do Labmedi, José Augusto Evangelho Hernandez.
Os pensamentos intrusivos são reações dos seres humanos a eventos de vida potencialmente estressantes. Esses pensamentos levam a um foco restrito de atenção que pode prejudicar a capacidade da pessoa de responder ao mundo externo. Os sintomas afetam ainda habilidades funcionais, profissionais, sociais e emocionais. “Podemos considerar o surto da Covid-19 como um evento de vida impactante, pois as pessoas podem sofrer problemas psicológicos. Os resultados atuais trouxeram evidências de que há sofrimento psicológico entre os participantes da pesquisa e sugerem que intervenções clínicas preventivas sejam implementadas nas políticas públicas de saúde”, alerta a pesquisadora Aline da Silva Gonçalves.